Thursday, June 21, 2007

A fada que deixou de voar

Esta história foi inventada por nós.

Era uma vez uma fada muito bonita, com cabelos longos e encaracolados. Vivia no país das Maravilhas, rodeada de fadas, água, flores e animais. Gostava de voar com os pássaros, subir muito alto e fazer piruetas. No entanto, ela era muito distraída: enganava – se nos caminhos, confundia as magias, trocava os ingredientes…
Certo dia aconteceu uma desgraça! Ao tentar fazer uma poção para voar mais alto enganou – se e fez uma poção para deixar de voar. Pobre fada!
A fada sentia – se só triste e infeliz, pensando que nunca mais voaria.
Numa tarde de sol, a fada encontrava – se junto de um lago, ouvindo os pássaros a chilrear. Um dos pássaros viu que a fada estava a chorar e, para a animar disse:
- Vamos voar?
- Oh… Não posso! Enganei – me numa poção e perdi a capacidade de voar.
-Acho que te posso ajudar – disse o pássaro. – Agarra – te a mim e não tenhas medo!
A fada agarrou – se às pernas do pássaro e deixou – se levar. Lá do alto viam árvores verdes e frondosas, flores coloridas, um lago brilhante, animais a brincar…
A fada sentia – se muito feliz e contente. De repente largou - se do pássaro e… paff o feitiço quebrou – se!
A fada disse ao pássaro:
- Já consigo voar! Que alegria!
Os dois amigos voaram lado a lado fazem piruetas no ar.
A partir deste dia, a fada passou a ser mais atenta e cuidadosa. Vivia sempre feliz na companhia do seu amigo pássaro e dos outros habitantes do país da Maravilhas.

Wednesday, June 20, 2007

Um pombo curioso

Esta história foi retirada do livro "Contos de Um Mundo com Esperança" e foi escrita por Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada.

«Pascoal era um pombo-correio lindíssimo que parecia destinado a grandes voos. Mas uma particularidade tornava-lhe a vida bastante difícil: odiava participar em corridas.
Os outros pombos-correios orgulhavam-se de serem os primeiros a chegar ao seu destino, de serem mais rápidos e transportar mensagens e entusiasmavam-se imenso nas competições. Agora ele, não. Queria era que o deixassem em paz. Pascoal adorava ficar até tarde no ninho acordar sem pressa e depois ir debicar minlo à vontade.
De manhã, sentia-se sempre bastante ensonado. Só arrebitava à tarde, já de papo cheio. Mas na sua opinião, a melhor maneira de aproveitar a tarde era dar grandes passeios sobrevoando os campos para conhecer zonas cultivadas e zonas de plantas bravias, as tocas dos coelhos, as sombras preferidas dos viajantes.
Sentia-se feliz sempre que fazia uma nova descoberta porque tinha nascido curioso e interessado pelo que se passava no mundo.
O dono aborrecia-se com aquela maneira de ser. Onde é que já se viu um pombo-correio distraído e pregiçoso? Não se conformava ensistia nos treinos, ralhava, tentava insentivá-lo.
- Então, Pascoal? Tu pertences a uma família de campeões, se fizeres um esforço podes perfeitamente ser tão rápido como o teu pai e o teu irmão.
Ao ouvir aquilo, Pascoal agitava-se, arrulhava e fugia dali. Que ideia quererem forçá-lo a ser igual ao pai e ao irmão? Cada um é como é...
Certo dia o dono foi passear a cavalo. Como estava um dia bonito, andou por montes e vales, apanhou fruta num pomar, apeou-se para beber água numa fonte. d regresso á quinta, deu por falta de anel de estimação e ficou desesperado. Era um anel de ouro, usava-o a muitos anos no dedo mindinho e considerava-o uma espécie de talismã por ter sido presente da avó.
- Caiu durante o passeio.
Mas onde ?
Voltou atrás, precorreu os mesmos caminhos mas do anel, nem sinais !!
Nessa tarde Pascoal pôde finalmente mostrar o que valia.
Conhecendo tão bem aqueles campos que costumava sobrevoar atento e sem pressa, para lá se dirigiu. De asas abertas, descreveu círculos largos à procura de um brilhozinho dourado por entre as ervas. E tanto procurou, que encontrou o que procurava. Ao pôr do sol apresentou-se ao dono transportando o anel seguro no bico.
O dono nem queria acreditar no que os seus olhos viam. Recolheu a joia e depois afagou a cabeça do Pascoal com muita ternura e gratidão.
- Obrigado Pascoal. E fica descansado que nunca mais te inscrevo em corridas. És um pombo diferente, as tuas qualidades são outras. E hoje percebi quanto maior for a diversidade dos meus pombos, maior será a riquesa do meu pombal.

A Raposa e o Lobo

Esta história foi retirada do livro"Histórias tradicionais Portuguesas" da editora Ambar.

Foram caçar no melhor convívio uma raposa e um lobo. Apanharam dois carneiros. Comeram um enterraram o outro para o jantar do dia seguinte.
No dia seguinte chegou o lobo e disse para a comadre raposa:
- Vamos comer o carneiro?
- Hoje não: estou convidada para madrinha de uma criança.
No dia seguinte voltou o lobo e perguntou à comadre que nome dera ao afilhado:
- Um nome novo: comecei.
E ainda a raposa se desculpou nesse dia dizendo que ia ser madrinha de outro afilhado.
Voltou o lobo e perguntou à comadre que nome pusera ao afilhado.
-Meei - respondeu a espertalhona - e que pena tenho eu de ainda hoje o não poder acompanhar. Tenho hoje outro afilhado que baptizar, mas amanhã vou com certeza.
No dia seguinte voltou o lobo e perguntou - lhe pelo nome do afilhado.
- Pus - lhe: acabei.
E ambos se dirigiram para o lugar onde o carneiro fora enterrado. É claro que a raposa tinha sozinha papado o carneiro, deixando - lhe o rabo espetado no chão. Logo que avistaram o rabo, disse a raposa para o lobo:
- Enquanto eu aqui tiro um espinho do meu pezinho, vá o meu compadre andando, puxe com força pelo rabo e vá comendo e saboreando a carne.
O lobo seguiu o conselho da raposa. Lançou - se ao rabo com tanta força que caiu de costas com o rabo na boca. Carne nenhuma. Já a este tempo a raposa se tinha esgueirado para muito longe.